Estresse dos vestibulandos aumenta em setembro

Segundo pesquisa, a causa são as decisões tomadas na época e a proximidade das provas

O pico do estresse para os vestibulandos acontece em setembro. É o que confirma a pesquisa realizada na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) que contou com 92 estudantes de cursinho pré-vestibular e comprovou um grande nervosismo nesse período do ano. Esse comportamento acontece devido à fase das inscrições e, portanto, da escolha do curso e da universidade. O momento indica também que as provas estão próximas.

A pesquisa de mestrado de Maria Cândida Camargo Rolim, colheu amostras de salivas dos vestibulandos para medir o índice do hormônio do estresse, o cortisol. No mês de agosto, o cortisol médio dos estudantes foi de 0,57 micrograma por decilitro de saliva, considerado normal. Em setembro, subiu para 0,83 micrograma.

Um dos fatores que contribui para o estresse é a chegada das inscrições para as provas, o que indica a proximidade do exame. Professora de cursinho pré-vestibular há 24 anos, Maíva Vilela acredita que isso acontece porque os alunos têm receio de não conseguir estudar todo o conteúdo. Nesse período tudo acontece muito rápido. “O Enem é em outubro e em setembro já tem o processo de revisão”, confirma.

Outro motivo de estresse é a definição do curso. A vestibulanda Ana Luisa Cecchi, de 18 anos, está em dúvida entre os cursos de Administração e Relações Internacionais e já pressente a chegada do nervosismo e preocupação com a inscrição. “Eu vou ficar tensa”, diz. Para Ana, a vida de vestibulando é muito estressante devido à rotina de aulas e horas de estudos. Além disso, há o medo de não conseguir entrar na universidade. “Não passar seria como perder um ano da minha vida”, revela.

ESCOLHA PROFISSIONAL Uma forma de abrandar o nervosismo da escolha profissional é passar por orientação vocacional, que pode ser feita individualmente ou em grupo. Diversas técnicas e testes são utilizados. O trabalho é dividido por etapas básicas, como a de autoconhecimento. “O adolescente reconhece as suas características de personalidade, as suas facilidades e dificuldades. Desde as questões interpessoais, até às feitas por ele mesmo”, revela a psicóloga Fernanda Saviani que trabalha há 15 anos com orientação vocacional. Outra etapa é a de conhecer as habilidades. Mais voltado para a área profissional, o jovem busca conhecer o mercado de trabalho e os profissionais, além de descobrir os objetivos na profissão, como por exemplo, se ele quer se realizar ou ter muito status. Mariana Ziotti, que hoje cursa Pedagogia, confessa que ficou em dúvida e recorreu à orientação vocacional da Unaerp, “Isso permitiu que eu adquirisse autoconhecimento e confiança para decidir”. Mesmo assim, a estudante conta que só teve mesmo certeza da escolha quando começou a fazer estágio, já na Universidade. Segundo Fernanda, a dificuldade da escolha também tem outros fatores como a forte concorrência e a grande quantidade de novos cursos. Além disso, a opinião negativa dos familiares e amigos também gera grande dúvida nos jovens. “Enquanto ele está fazendo a prova tudo isso está na cabeça dele. Então quanto mais tranquilo for esse caminho percorrido, melhor para o vestibulando na hora do vestibular”, ressalta psicóloga.

ANSIEDADE E RELAXAMENTO Para a professora Maíva, a ansiedade que também é uma manifestação do estresse, é o fator determinante para as provas. “O seu maior concorrente sempre vai ser a sua ansiedade”, ressalta. E adiciona que o aluno deve procurar métodos que ajudem no relaxamento, como um exercício físico ou sair com os amigos. A rotina de estudos é outro método que pode ajudar. Maíva acredita na sistemática que os cursinhos ensinam aos alunos. “Todo ano vemos alunos aprovados que namoram ou tocam em uma banda. Ele passou porque dosou”, ressalta. A estudante Mariana conta que fazia oficina de teatro durante o cursinho, “Me ajudava muito, me relaxava”, relembra. E a professora Maíva adiciona que a respiração correta também é essencial para manter o equilíbrio emocional e evitar o estresse.