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Altos índices de criminalidade preocupam Jaboticabal

O combate à entrada do menor para este mundo é tarefa difícil para órgãos públicos locais.

Jaboticabal é um município localizado na região de Ribeirão Preto, interior do estado de São Paulo, composto por pouco mais de 76 mil habitantes. Conhecida há muitos anos por suas diversas corporações musicais, a Cidade das Rosas e da Música abandonou as páginas culturais e, em 2015, passou a ser noticiada por seu elevado índice de criminalidade.

Na comparação com o ano de 2009, segundo dados da Secretaria da Segurança Pública, o número de roubos cresceu 129%. Em relação às ocorrências de roubo e furto de veículos, o aumento foi de cerca de 17%. Já o índice de homicídios na cidade apresentou um crescimento alarmante de 339% em relação a seis anos atrás. Nos três primeiros meses deste ano, Jaboticabal registrou 351 furtos, correspondente a um aumento de 44% em relação ao mesmo período em 2015. Além disso, o índice de roubos cresceu cerca de 18% com 73 ocorrências e a taxa de quatro homicídios permaneceu constante.

Estes números, no entanto, não refletem apenas nas estatísticas. Tanto o comércio da cidade quanto as escolas sofrem diariamente com a insegurança de abrir seus portões. Segundo a vice-diretora da EMEB Prof. Carlos Nobre Rosa, Rosana Manduca, sua escola e casa já foram invadidas e diversos pertences roubados. “A sensação é horrível. Você tem a impressão de que pode ter alguém ali dentro. Não tem mais sossego”, declara a vice-diretora. “Meu marido ficou três dias dentro de casa com medo de que eles voltassem”, finaliza Manduca.

A advogada graduada em Ciências Jurídicas e Sociais, Irene de Carvalho, explica como este problema é visto segundo o aspecto social. De acordo com ela, o aumento da criminalidade se deve, principalmente, à questões como a crise econômica, responsável por grandes índices de desemprego. “O indivíduo cai na marginalidade para conseguir sustentar sua família, praticando pequenos furtos ou até mesmo entrando no tráfico”, afirma. Além disso, para a advogada, a desigualdade social e a intolerância em aspectos diversos geram a violência e outros delitos. “A impunidade fortalece cada vez mais o mundo do crime, além da facilidade de obter armas e drogas”, completa Carvalho. Por fim, ela ainda confirma que, atualmente, a maioria de seus clientes é menor de idade e têm parentes envolvidos com o crime.

O comandante da Segunda Companhia da Polícia Militar de Jaboticabal, capitão Celso Luís Rodrigues, explica que o sistema como um todo combate a criminalidade. Para ele, a sociedade e os órgãos públicos são uma máquina na qual cada engrenagem trabalha em sua função para garantir o mesmo propósito. Quando uma destas peças não possui bom desempenho, as outras começam a falhar e, com isso, a meta não é alcançada. “A população é uma engrenagem importantíssima e ela precisa ter reconhecimento de que ela faz parte [dessa máquina]. Não é só o Estado ou a Polícia, seja Militar ou Civil. A comunidade faz parte”, diz o capitão.

Ainda segundo Rodrigues, pequenas iniciativas colaboram com a segurança individual e coletiva. Por isso, neste ano, a Polícia Militar instaurou o projeto que visa realizar audiências públicas trimestralmente. O propósito é manter um contato direto com a população, “para que a comunidade participe e discuta segurança junto com a Polícia, no mesmo nível. Concorde, discorde, dê sugestões, para que a gente [Polícia Militar] possa planejar e trabalhar naquilo que a comunidade quer”, afirma o capitão. Para ele, é importante focar o planejamento no jovem que ainda não entrou para o crime, criando mecanismos para ocupá-lo e comprometê-lo com a cidade. “Estamos batendo em uma tecla que não vamos conseguir vencer. Estamos batendo na tecla do adolescente que já é infrator. E estamos esquecendo daquele que ainda não é”, explica.

Além destas medidas, existe o CONSEG, Conselho Comunitário de Segurança de Jaboticabal, responsável por mediar as necessidades da comunidade entre a população e órgãos superiores. Para o presidente do conselho, Marcelo Demani, o crescimento de delitos se deve à entrada cada vez mais precoce do jovem no universo da bandidagem. Em sua concepção, principalmente na classe média, é comum terceirizar a educação para a escola e a punição para a Polícia. Assim, segundo ele, o indivíduo não desenvolve respeito, pois não convive com posturas hierárquicas e autoritárias dentro da própria casa. Buscando soluções imediatas, o presidente afirma que já encaminhou um ofício ao Ministério Público pedindo o aumento no número de policiais civis na cidade.

Em relação ao número de homicídios, segundo o capitão Celso, a maioria é do tipo passional, ou seja, movidos por forças sentimentais e dificilmente impedidos. A probabilidade de este crime ocorrer com indivíduos sem envolvimento nos chamados “grupos de risco”, para o Capitão, é praticamente nula. Ele ainda afirma que uma pequena minoria da população está envolvida com crimes na cidade.

 

Esta matéria está disponível no site do curso de Jornalismo da Unaerp. Confira!

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